sexta-feira, 14 de maio de 2010

ESTRATÉGIAS PARA O SUCESSO NO REMATE (ATAQUE)

O remate é a maior arma ofensiva do voleibol. A fase ofensiva é a que mais contribui para a vitória ou a derrota de uma equipa num jogo de voleibol, isto porque o ataque é o ponto-chave do rendimento das equipas.

O ataque concretiza todo o esforço de uma equipa, sendo que 70% do sucesso obtido durante o jogo se concentram nele. Uma equipa possuidora de um ataque forte pode ganhar, mesmo com uma defesa medíocre.

A eficácia do ataque, no jogo de alto nível, é o principal indicador do resultado final do jogo. Portanto, aqueles que estão nos escalões de base e possuem perfil (habilidades) para se tornarem atacantes potentes e eficientes, devem ser direccionados, desde cedo, pelos seus Treinadores, a adquirirem a técnica necessária para um bom desempenho nesta função. Neste contexto, cabe ao Treinador ter a "visão" de quais os atletas de sua equipa possuem capacidade e potencial para serem atacantes, e assim treiná-los adequadamente.

A grande dificuldade de dominar a técnica do remate reside na necessidade de ter um grande domínio, controlo do corpo e coordenação enquanto o atacante está no ar. Os melhores atacantes são os mais bem "equipados" tecnicamente, ou seja, aqueles que têm mais domínio sobre a técnica para realizar um remate. Os atacantes, para além de uma boa capacidade física, devem também possuir uma boa bagagem técnica caracterizada por uma estabilização do "saber fazer".

Factores para a realização do remate:
- Equilíbrio no ar, sabendo posicionar-se antes e durante o processo de impulsão/salto no ar;
- Percepção das acções dos adversários;
- Sentido táctico do jogo, para decidir qual tipo de jogada (remate) efectuará;
- Controlo do stress emocional, sobretudo nos momentos mais críticos do jogo.

O atacante deve atentar para os seguintes aspectos, que influenciam a sua tomada de decisão no momento em que vai realizar um ataque:
- Quanto mais longe se encontra da rede, mais importante se torna entrar em contacto com a bola o mais alto possível, para aumentar as opções de batimento;
- Deve estar alinhado com a bola, de modo a ter o maior número de opções de ataque, para que a defesa adversária não consiga prever antecipadamente a direcção da bola;
- Deve ter a noção que criar rupturas (desequilíbrio) na organização do bloco adversário, através das diferentes combinações de ataque, é tão importante como o ataque propriamente dito;

O atacante deve fazer uso de sua táctica individual de ataque, e para ser eficaz nesta acção, deve:
- Atacar a bola no ponto mais alto e se possível por cima do bloco;
- Procurar atacar a bola próximo ao blocador ou defensor mais fraco;
- Atacar para a zona defensiva do distribuidor (passador), não permitindo a realização do 2º toque (quando este se encontra na zona defensiva);
- Modificar a sua corrida de aproximação, tanto no ritmo como no local de partida.

Na sequência, algumas sugestões tácticas para execução do remate, importantes para o sucesso do atacante:
- Atacar para a zona defensiva mais fraca, explorando o bloco mais baixo ou mais fraco;
- Explorar o defensor mal posicionado, mais fraco ou mais lento;
- Sempre ter em conta o ponto fraco do sistema defensivo do adversário;
- Na presença de dúvidas na zona alvo do remate (local onde vai rematar), ter a certeza de que a bola vai atingir o campo adversário e não será dirigida para fora deste;
- Ser agressivo para pontuar;
- Ser capaz de se adaptar a cada situação.

Sendo assim, os atacantes baseiam suas opções de ataque não só nas suas capacidades pessoais, mas igualmente na leitura que fazem da posição do bloco adversário e na direcção do passe que recebem (local, altura e velocidade da trajectória da bola).

No caso particular do remate, a eficácia é determinada pela altura do batimento, da potência utilizada e das variáveis das opções de decisão. Lembramos que o atacante é um "decisor", já que tem que escolher e executar rapidamente uma acção (resposta) numa situação decisiva, em milésimos de segundos. Nisto ele é autónomo, independente.

Elementos que devem estar presentes no momento de tomada de decisão de um atacante durante o jogo:

- qualidade da recepção;
- qualidade do passe;
- a proximidade da bola à rede (alta, baixa, longe, perto);
- existência de bloco fixo ou em deslocamento;
- deslocamento ou não do blocador central;
- a posição do atacante relativamente à bola em função do tempo e do espaço para o ataque;
- o tipo de trajectória da bola;
- as possibilidades de intervenção sobre a trajectória da bola.

No voleibol, o elevado grau de vigilância, de observação sistemática dos acontecimentos do jogo, de percepção simultânea dos colegas, da bola e dos adversários, bem como o curto espaço de tempo para decidir e agir, requerem ao atleta um elevado desenvolvimento do seu pensamento e da sua táctica individual e colectiva.

Formas (tempos) de ataque:
- Ataques de 1º tempo: aqueles nos quais o atacante já se encontra no ar no momento em que o distribuidor (passador) toca na bola.
- Ataques de 2º tempo: ataques em que o atacante salta (faz a chamada) depois do distribuidor tocar na bola.
- Ataques de 3º tempo: os ataques em que o atacante começa a corrida de aproximação no momento em que a bola atinge o ponto mais alto da sua trajectória ascendente.

Algumas considerações:
- A zona de ataque mais solicitada na aplicação do remate (local do atacante) é a zona 4.
- O tempo de ataque preferencialmente solicitado na aplicação do remate é o 3º tempo, utilizado principalmente nos escalões de base (jogo alto). Apenas na alta competição é que encontramos igualdade de utilização dos 3 tipos de tempos.
- É mais frequente a ocorrência de bloco duplo (dois blocadores) na zona 4, por utilizar-se muito nesta zona o 3º tempo, que favorece o aparecimento de maior número de blocadores.
- As zonas 1 e 5 são preferencialmente as zonas alvo utlizadas pelos atacantes.
- Os ataques vindos da zona 4 têm maior ocorrência de alvo na zona 5, uma vez que muitos atacantes rematam com mais frequência na diagonal do que na paralela (zona 1). 
- Nos escalões intermédios, a zona 4 está fortemente ligada ao 3º tempo de ataque; a zona 2 ao 2º tempo; a zona 3 ao 1º tempo. Apenas na alta competição é que esta relação zona/tempo não se aplica 100%, podendo variar de acordo com a equipa e capacidade técnica/táctica dos atacantes.
- Os ataques de 3º tempo também são mais frequentemente usados nos ataques de 2ª linha (zonas 5, 6 e 1).
- A zona 5 é a menos utilizada nos ataques de 2ª linha.

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